domingo, 12 de dezembro de 2010

Despercebidos

Sabe quando você é surpreendido aos 15 do segundo tempo? Quando sem data prévia, sem combinações, sem recomendações, sem encomendas, sem planejar as coisas simplesmente surgem na sua frente no meio de uma multidão desinteressante em uma noite despretensiosa, sabe?  O nome disso é inesperado, e sempre achei o inesperado bastante criativo, mas nunca levei muita fé nele.
 Talvez eu deva começar a levar. O fim do ano já se anuncia e começamos sempre o ano com mil expectativas, renovações, resoluções a serem cumpridas. Ao longo dos 365 dias, das 8.760 horas que voam diante dos nossos olhos, nós vamos atropelando tudo ou os acontecimentos é que vão atropelando e passando por cima da gente.
Divido o ano de forma categórica: Inicio. De janeiro a março, período de planejar e correr tarás. Meio. É a época com menos calor, é aquele período em que ou vai ou desce. Ou conseguimos o que queríamos ou fracassamos os planos do inicio.
 Acho que o ano acaba mesmo no meu aniversário, então de setembro a dezembro é um pulo de bungee jumping e só serve para a gente reavaliar tudo e pensar logo no próximo ano. Mas oras esse ano ainda nem acabou, nem montei a árvore natal lá em casa e já estamos pensando em viver no próximo ano? Sim! Na maioria das vezes, sim!
Mas, e se o seu ano começasse ao contrário? E se os meses se confundissem, e se as horas se embolassem e nada tivesse sido do jeito que você planejou? Como você supôs que iria acontecer?  E se o fim do ano ainda tivesse o começo de uma vida inteira para te revelar?
Aos 15 do segundo tempo eu fui surpreendida, quando estava apenas na expectativa desse ano acabar logo. Mas eu havia me esquecido que ainda tinha o natal e já fazia muito tempo que eu não ganhava um presente decente e de qualidade. Ok! Tá certo que eu não sei o prazo de validade do presente, mas sei que tem garantia quanto à qualidade e é melhor que encomenda.
Por isso eu não planejo mais nada que não cabe a mim decidir! Farei resoluções do tipo “vou estudar mais esse período”, “vou começar as aulas de dança”, “vou me inscrever no curso de francês”, “ vou escolher um orientador para monografia”...coisas práticas e que dependam da minha força de vontade, pois tudo que vem de fora para dentro é impossível prever.
Não me preocupo com status, definições, rótulos, não que eles não sejam importantes, claro que são!!! Mas eles não são causa, mas sim conseqüências.
Me encanta a história, o enredo, a narrativa, a pipoca na fila do cinema, o desencontro e o reencontro de agendas, os sorrisos sem razão, a música que toca ao fundo, as descobertas do novo,  as diferenças mais que as similaridades, o contar das horas para o encontro e até o medo, porque uma hora ele sucumbe  e vai encher o saco de outro. 
Sem nome e sem roteiro a historia já é essa, ela já tem cenários, trilha sonora, ela já esta acontecendo e vocês nem perceberam.